13 de set. de 2015

Ser de uma tribo

No inicio parece que é apenas uma auto-afirmação ou uma tentativa de estar aceito em um grupo, de alguma forma se sentir mais forte por ter um apoio ideológico coletivo. Com o tempo, se você estiver na tribo errada vai perceber que algumas coisas não se encaixam, talvez algumas decepções de leve a ponderar se está no caminho certo e com as pessoas certas. Mas se você estiver na companhia certa, com o seu "povo" a sensação de liberdade ao estar na sua tribo superará todas as expectativas, afinal escutamos as mesmas músicas, temos as mesmas ideologias, nos vestimos parecidos e as vezes até ficamos de fato com características físicas por conta de tatuagens, pierciengs, roupas, gestos, gírias e formas de falar que chegamos a reconhecer os da mesma tribo em qualquer lugar no mundo.
O que tenho a falar de tribos urbanas é muito no alto de meus 40 anos, passei como a maioria por várias fazes e muitas vezes algumas tribos são tão interligadas com as outras que acabamos nos mesclando e formando uma nova. Eu que comecei ouvindo hardrock com meu primo nos idos dos anos 80 com meus oito ou nove anos de idade, com direito a ir para a escola com braceletes de arrebite e tatuagens falsas, na verdade a música nessa época não foi o maior impulso mas sim o visual agressivo. Que de certa forma já foi me ajudando a me proteger do mundo, afinal de contas um menino branco, gordinho e com alguns traços de autismo seria de fato vítima do sistema. E é claro que não demorou muito para que isso se concretiza-se nas escolas por onde passei, lá pelos meus 12 anos até uns 15 acredito terem sido realmente os piores, não conseguia me encaixar em nenhum grupo vigente na época, nem mesmo os roqueiros me queriam por perto. Com isso, é claro que fui vítima de bullyng durante algum tempo, xingamentos e todo tipo de implicâncias ainda eram melhores do que ser totalmente ignorado, mas os caras que fazem bullyng não tem limites e quando veem um mais fraco e indefeso vão atacá-lo sem dó. Foi nesses tempos que o mesmo primo que me apresentou o rock n roll que já não funcionava tão bem como ferramenta de defesa pelo visual rebelde também me influenciou para um outro grupo, os lutadores. Aí começa uma outra fase na minha vida, kung-fu, taekwondo, ninjitsu... E tudo mais que eu poderia absorver que fosse em academias, encontro de amigos que lutavam e trocavam técnicas entre si ou mesmo livros. Meu foco agora eram as artes marciais e com ela uma nova tribo abria a porta para mim e o mais legal era que vários daquela tribo também eram roqueiros, ou seja, tribos dentro de tribos e eu me via ainda mais em casa, ainda mais entre irmãos. Devo deixar claro aqui para os que apenas se levam pelo que a mídia diz, lutadores de verdade não são violentos, não propagam a violência de forma alguma. A grande diferença é que quando um lutador se defende muitas vezes pode ferir muito mais o agressor do que uma pessoa comum. É o mesmo que pensar em agredir um poodle ou um pit-bull, o cão se defenderá, mas cada um com sua potência.
E hoje eu tenho certeza que naquela época saber me defender foi a melhor coisa que aconteceu, sem contar que o gordinho passou a não ser mais tão gordinho. E aí surge outra tribo em minha vida, os atletas urbanos. Sejam bem vindo o basquete e o voleibol (sou horrível no futebol por isso nem citarei). E na mesma enxurrada, academias de  musculação mais artes marciais como o jiu-jitsu e muay thai e mais tribos dentro de tribos, mais roqueiros espalhados por todo o canto. Tudo ia muito bem até um grande amigo me emprestar um livro dizendo que a quela leitura iria muda a minha vida, e que foi por causa do dito livro que ele resolveu sair da Argentina e viajar pela América do Sul e hoje está radicado no Brasil casado com uma brasileira na Bahia. Bom o título do livro é On the Road de Jack Kerouac. Porra, mudou minha vida completamente! Nunca uma leitura havia sido tão fascinante e prazerosa e aí que percebi que o bichinho do altismo deu uma ligada, livros e leituras agora eram meu novo prazer. Mas infelizmente no Brasil a tribo literária não é tão grande, só que Jack Kerouac por si só me abriu algumas novas portas de conhecimento "tribal" vamos dizer assim, afinal o líder do movimento beatnick influenciou uma gama enorme de artistas e movimentos, culminando no movimento Hippie do qual quanto mais lia a respeito mais me apaixonava me tornando um quase hippie moderno, o que me levou a me aproximar ainda mais das artes, poesias religiões orientais e tudo mais que cerca esse universo hippie de paz e amor.
Hoje sou exatamente a mistura de tudo isso e muito mais e todas as tribos que passei ajudaram a formar minha personalidade e me firmar como individuo. Então independente da sua tribo ou de qual você ainda fará parte essas serão cabais na sua formação como pessoa.

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